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BLOQUEEI E AGORA?

Por Eric Pereira

Eu já bloqueei inúmeras vezes.

Tenho uma experiência um tanto curiosa de uma vez que estava na metade do meu segundo livro e não fluía! Precisava entregar 100 dicas terapêuticas e não conseguia sair da dica 62 e processos terapêuticos tem sido a minha vida, mas quando sentava nada fluía. Decidi tirar uns dias de férias e fui rumo a Madrid. 10 dias dedicados a escrever e fui animado, cheio de planos, escolhi um hotel com uma bela varanda e já me via ali sentado, escrevendo e até fiz contas de quantas dicas eu precisava escrever por dia para terminar o meu livro, mas na prática nada disso aconteceu. (rindo alto aqui).

O hotel era bom, mas o barulho na varanda, a cadeira desconfortável, o barulho da avenida, tudo e mais um pouco me incomodava, mas como estava decidido a fazer aquilo insisti, e nos três primeiros dias saíram ali nove dicas terapêuticas, mas ainda não estava satisfeito e então resolvi deixar numa manhã, tudo de lado e resolvi passear. Eu e um livro que tinha levado e, aquele dia desconectado, foi tão importante para mim que ali entendi que, a questão não estava nem na mudança de ambiente (ok, às vezes ajuda tá?), mas estava na minha mudança de comportamento, eu precisava sair um pouco de mim, respirar, ver pessoas, beber uma sangria e foi no final do dia que cai em mim, tomando um cappuccino na Matilda, um belo espaço que tem ali próximo ao museu do Prado.

Ali, vendo as pessoas rirem alto e falarem baixinho, felizes, se deliciando com suas bebidas quentes e frias, com suas comidas “calientes” e frias é que entendi que precisava apenas ser eu mesmo e voltar ao básico…. Eram dicas sobre processos que eu dominava a duas décadas, a questão não era a escrita, mas eu que estava buscando coisas de outro mundo… Voltei para o meu mundo e defini três importantes coisas naquela noite:

A primeira era que ((menos)) é sempre mais! Iria escrever das 6h as 9h e só! Depois eu iria sair e passear por Madrid, que apesar de já ter ido algumas vezes, ainda tinha muito o que explorar. A segunda era que, quando eu saísse do quarto do hotel, pensaria em tudo, menos em processos terapêuticos e a terceira é que iria descansar, dormir cedo todos os dias e, assim, sai de lá com o livro completo.

Às vezes o “bloqueio” não está na escrita em sí, mas no nível de exigência que está colocando na escrita. Ficar “em cima” às vezes não é a solução! Às vezes dar uma volta, fazer uma caminhada, ver um filme, assistir a uma série, ler um livro podem ajudar! Às vezes, tudo que precisamos é nos distanciar para enxergar melhor “o” cenário.

Vou compartilhar pequenas dicas aqui que podem fazer sentido:

1. Diário /Bloco de notas
Recorrer a velhas anotações às vezes pode ajudar, pode trazer lembranças boas, ideias antes guardadas, planos que podem entrar em ação.

2. Livro diferente
Escolha um tema que não é de uso habitual e comece a ler, algo que possa te levar a viajar na história. Eu passei uma vida lendo livros terapêuticos, de psicologia, e agora, busco por temas como romances ou suspenses e, agora, quero ler mais sobre histórias do mundo antigo.

3. Leia dois livros ao mesmo tempo.
Gosto muito desta ideia! Escolha dois livros e alterne, lendo um dia um e outro dia, outro e escolha temas bem distintos, isso pode parecer confuso no início, mas é muito legal.

4. Busque pela memória
Traga para o papel aquela viagem que fez, escreva um pouco sobre o que te dá saudade, viagem um pouco e acrescente um pouco de “fantasia” na escrita, brinque com o que vem do azul escuro da sua mente, sem r e s t r i ç õ e s .

5. Escreva livremente
E finalizo sugerindo uma escrita livre! Sobre o que exatamente, Eric? Sobre o que desejar, da forma que desejar, pode até parecer com um desabafo. Outro dia praticando um exercício deste com um mentorado que está escrevendo seu primeiro livro, ele me disse que começou com “tom” de desabafo e logo se viu escrevendo uma carta para a sua versão de 10 anos a frente, como se tivesse orientando ele. Achei aquilo fantástico, fez uma ponte ao futuro sem saber o que era. Às vezes escrever livremente “abre” uma porta na mente, cria uma conexão importante entre você e você mesmo, é o que eu chamo de um autêntico diálogo interno.

Até a próxima,


Eric Pereira
Editora Aslan

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